tive um amor puro. daqueles que noa fazem sonhar dia após dia. Por meses, anos, guardei teu telefone, mal esboçado num paapel sujo.
Tive vergonha de ligar. Liguei à exaustão nouitra época, mas hoje, crescida que sou, me sinto ridícula em fazer meu coração bater mais forte.
Como nunca obtive resposta, rasguei o papel ao meio. Fiquei com o prefico. O resto seria mais fávil. Tentaria entre 20 ou 30 prefixos e hora ou outra, acertaria. Bammm! e você seria meu pra sempre. Desde que meu sempre durasse o tempo duma ligação barulhenta, rodeada de crianças como era tua vida
Por vezes, voltando pra casa, via teu prefixo estampado num comércio sujo de bairro. Pensava: será aqui? Será aqui neste prédio? Nunca me passava pela cabeça que o bairro, por menor que fosse, seria milk vezes maior que seu interesse no meu amor.
Colecionava prefixos, tentando mapear tua vida, teus arredores, como se você estivesse aí para isso. Então, com o tempo, sempre o tempo, teu papelote com tua letra garranchuda se diluiu. E assim se diluiu minha memória. E assim, outros passaram. TEu telefone mudou, porcerto mais de uma vez, o meu mudou, assim como celulares mudaram, foram trocados, assim como amantes, que foram esquecidos, apaados ou, por vezes, deletados das agendas,
Então um dia, qunado pensava tudo ter passado, te vi passando na minha rua. Gritei comigo mesma: Ei!! Sai daí!! Esta rua é minha!!! Esse pedaço é meu!! E você não entra mais no meu pedaço doce da vida. Já sofri demais, e já me mudei demais. TRês ou quatro mudanças bruscas me fizeram, decerto, sofrer muito e esquecer você. Assim como com mudanças, perdemos caixas, fotos, memórias, e deixamos um pouco de nós mesmos, deixei você numa dessas caixas. Eis que você esta aqui... Tão próximo.
Vivi um sonho, que agora não valia nada. Afinal sonhos são feitos do impossível, daquilo que nos move como ratos na roda, girando, girando, girando, correndo e arfando atrás daquilo que sabemos nao conquistar. Se por acaso, catch! te peguei, já era. Você viraria item de meu desprezo.
Então, quis fugir. Eu que te segui tanto, perambulando por ruas com nomes esquisitos, ou em noites desfocadas por conta dos olhos fechados da bebedeira, fiquei com medo de te perder sem sequer ter você.
Hoje me deparei com uma foto tua. E percebi o quanto você sempre foi bonito. Até mais do que antes. Anos passaram, nossos corpos tomaram outras formas, sulcos surgiram em nossos rostos, assim como crateras, rachaduras no cimento do chão do teu bairro, do meu bairro e agora do nosso bairro.
Mas se um dia, pela minhas voltas pelas minhas redondezas, eu te cruzar, não quero teu número, nem teu beijo. Só quer que você não se mude. Porque ainda é isso que me move.
12/4/2007
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